País de dívidas: Brasil nunca teve tantos inadimplentes
De acordo com dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), o total de brasileiros com dívidas em atraso chegou a 63,4 milhões quase equivalente à população da Itália. Economistas dizem que o número é alarmante e sofreu mudança brusca, já que de março a setembro de 2017 os índices apresentaram uma melhora.
Um fato que desafia o senso comum é que apesar de ser entre as classes de menor renda serem as que mais devem, é entre as famílias de classe média que a inadimplência tem residido, de acordo com pesquisa recente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). No grupo superior a dez salários mínimos, o número de inadimplentes alcançou 10,8%, ante 10,6% em 2017. Já as famílias de menor renda, suas dívidas pendentes caiu de 29%, em julho de 2017, para 26,7% atualmente.
São diversos casos que ilustram esse cenário. Em depoimento para o Estadão, uma paulistana de classe mais alta revelou suas dificuldade e problemas com contas atrasadas. Ela recebia cerca de R$ 15 mil na empresa em que trabalhava, mas perdeu o emprego quando engravidou e, para piorar a situação, foi abandonada pelo pai do seu filho. “Foram cinco meses sem trabalho e sem licença-maternidade. Como tinha acesso fácil a crédito, usei tudo. Fiquei devendo condomínio, internet, cheque especial, empréstimo bancário, carta de crédito… tudo.”
A vida é muito instável e a volta ao mercado de trabalho exige uma reestruturação, inclusive com a possibilidade de um salário mais baixo, além de tomar medidas para correr atrás dos pagamentos das contas urgentes. De acordo com a economista chefe do SPC Brasil, o comportamento dos endividados não muda conforme a sua renda. Normalmente quanto mais a pessoa ganha, mais ela gasta. E mesmo com a crise, as mudanças de comportamento aconteceram em curto prazo. Precisamos estar mais atentos e aprender mais sobre controle de gastos e o consumo mais consciente.
