Chegamos à última semana da campanha eleitoral que, sem sombra de dúvidas, foi a mais agressiva, virulenta e odiosa de todos os tempos.
Embora já tivéssemos sofrido, em 2018, alguns dos efeitos (nefastos) das estratégias digitais que foram tão bem desenvolvidas pela extrema-direita (mais especificamente pela alt-right estadunidense), nas eleições vencidas, em 2016, por Donald Trump, foi somente nesta campanha eleitoral que ficou claro o potencial destruidor da disseminação em massa de fake news.
É importante lembrar que o movimento alt-right (ou direita alternativa) é a principal fonte onde bebem os ideais do bolsonarismo, e se caracteriza, ainda que de modo não explícito, por ideias de supremacia branca frequentemente associadas ao racismo, antissemitismo, neonazismo, nativismo, xenofobia, islamofobia, antifeminismo, homofobia, misoginia, aporofobia, populismo e neoreacionarismo, como, sem muita dificuldade, se extrai dos discursos proferidos por seus entusiastas e partidários.
Contudo, é bem possível que grande parte dos seguidores dessa turma sequer consigam justificar os reais motivos pelos quais tenham assumido tal posicionamento político, até porque diz respeito a algumas temáticas estranhas ao ideário cultural do povo brasileiro, embora seu perfil majoritariamente conservador.
Conforme a matéria de Salvador Nogueira, publicada em janeiro de 2019 na Revista Superinteressante, uma pesquisa do Pew Research Center, feita em 2018, propôs a 5.035 pessoas adultas, entrevistadas aleatoriamente pela internet, que lessem dez frases simples, e apontassem se se tratavam de afirmações factuais ou opiniões.
Apenas 26% foram capazes de apontar corretamente as cinco frases factuais e só 35% conseguiram identificar, corretamente, as cinco que eram opinativas. Ou seja, três em cada quatro americanos não sabem distinguir fatos de opiniões.
Na minha opinião – e sim isso é uma opinião – a situação não deve ser muito diferente no Brasil, o que explica muito do momento e da situação de desinformação que atravessamos atualmente e que enxovalham a internet de mentiras e desinformação.
O erudito Umberto Eco, pouco antes de morrer, cravou: "O drama da Internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade".
E não é?
Bom resto de semana a todos e que, a partir da próxima semana, os ventos do oeste nos tragam de volta o frescor da democracia.
Eduardo Pires