Pelos próximos 40 dias, estaremos inevitavelmente imersos e submersos na campanha eleitoral que, a essas alturas, já é o principal assunto nos grupos de WhatsApp, assim como objeto de memes e postagens nas redes sociais e também virou pauta do JN. Nem Bonner e Renata escaparam.
A jurássica televisão, que ainda é o veículo massivo e que permite aos candidatos e campanhas falar, expor e atingir o público fora das respectivas bolhas, em pouco dias passará a transmitir o famigerado horário eleitoral, assim como também o fará o rádio, que, neste ano, completa 100 anos no Brasil.
Discussões (mais) acaloradas virão; pontos de vista serão defendidos ferozmente; a tolerância será tão fina quanto um fio de cabelo; amizades, relacionamentos e vínculos pessoais serão postos à prova e, no mais das vezes, serão destruídos. Na verdade, em certa medida, essa radicalização – que tem sido vista no mundo todo – nos acompanha há muitos anos.
Mas e o que vem pela frente? O que esperar do futuro presidente do Brasil que, necessariamente, será um ex-presidente?
Penso que a principal expectativa – ao menos é o meu desejo – seja a da retomada da normalidade.
Que as instituições voltem a funcionar (embora a constante necessidade de ajustamento e correção de seus rumos), e que as pessoas que respondem por elas tenham como principal foco e objetivo, de fato, fazer com que elas funcionem.
Seja com um ou dois turnos, no dia 1º de novembro saberemos a quem caberá (ao menos tentar) dominar a nave desgovernada que se tornou o Brasil nos últimos anos, seja pela profunda polarização política em que o país se vê mergulhado há quase 10 anos; seja pela dramática situação sócio-econômica que vivemos e cuja caracterização é desnecessária desenvolver aqui.
Ao vencedor restará muito pouco a comemorar e um hercúleo trabalho a desenvolver, com muito comedimento, diálogo, sabedoria, coragem, temperança e senso de justiça, caso queira ele, de fato, levar o país para algum lugar diferente daquele em que estamos hoje.
Ao mesmo tempo que acredito somente na política como modo, e na democracia como caminho, temo, de outro lado, que o fim de tudo que temos vivido e assistido até aqui não esteja próximo. Que fim nos espera então?
Bom resto de semana, paz e esperança de dias melhores.
Eduardo Pires