A premeditação do mal

A premeditação do mal

Ontem sofri uma grande derrota no Tribunal.
Embora tenha me preparado o máximo possível, estudado com afinco e desenvolvido com convicção e segurança as teses de defesa, simplesmente perdi.

Perdi porque era esse um dos resultados possíveis. Tanto assim que, de outro lado, e como não poderia ser diferente, houve um vencedor.

E é justamente assim que são os fatos da vida: embora muitas vezes nos convençamos que estamos no controle, na verdade, controlamos muito pouco. Quase nada. 

Neste ponto, há tempos tenho procurado exercitar a premeditação do mal. Segundo Sêneca, um dos mais célebres filósofos estoicos:“O que é totalmente inesperado é mais esmagador em seu efeito, e o inesperado aumenta o peso de um desastre.” 

É por essa razão que devemos garantir – e nos preparar – para que nada nos surpreenda. Para o mesmo Sêneca: “Ensaie em sua mente exílio, tortura, guerra, naufrágio. Todos os termos de nosso destino humano devem estar diante de nossos olhos.”
Premeditar o mal, portanto, importa imaginar o quê pode dar errado ou ser tirado de nós, ajudando a nos preparar para os inevitáveis infortúnios da vida. Afinal, nem sempre recebemos o que é nosso por direito, mesmo que o tenhamos merecido.

Embora esteja ressentido da derrota sofrida, não fui surpreendido por ela. Por contar que ela pudesse ocorrer, estou completamente seguro e convicto de como prosseguir, mesmo que, ao final do processo, venha uma nova derrota. E, caso ela venha, nada mais natural.

A cada derrota, um novo aprendizado.

Como disse Nietzsche: “O que não me mata, me fortalece”.

Boa semana, boas vitórias e boas derrotas a todos!

Eduardo Pires

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