O tolo e o sábio

O tolo e o sábio

imagem: Google

Ao escrever As You Like It, Shakespeare, em uma só frase, antecipou uma contradição que viria a ser confirmada pela ciência 400 anos depois: O tolo acha que é sábio, enquanto o sábio reconhece ser um tolo. O efeito Dunning-Kruger, de um lado, diz respeito ao gap de habilidade que tem o indivíduo que apenas pensa saber algo quando, na verdade, nada sabe.

E é exatamente a falta de conhecimento sobre determinado assunto, especialmente a complexidade de conceitos ou emaranhados de vieses sobre ele, e que faz do tolo, de fato, um tolo.

Em tempos de radicalização política, quando qualquer posição ou comportamento é automaticamente atribuído a um dos lados, fica fácil explicar porque as discussões são tão ásperas e, ao mesmo tempo, tão superficiais.

De outro lado, a síndrome do impostor revela o gap de percepção que alguém tem a respeito do seu próprio conhecimento sobre determinado tema. Em linhas gerais, quanto mais conhecimento acumulado, maior a percepção de que há muito dele para se obter antes de se autoproclamar um sábio.

Como atribuído a Sócrates (aquele que não jogou no Corinthians): Só sei que nada sei.

Daqui até o final das eleições deste ano, portanto, mais importante que prestar atenção aos temas debatidos, é atentar aos debatedores, e ao tanto que os mesmos afirmam saber ou imaginam que sabem...

Bom resto de semana!

Eduardo Pires

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