O Dia do Trabalho é celebrado em mais de 80 países pelo mundo, em geral no dia 1º de maio, embora, nos Estados Unidos, onde originou-se a celebração após uma greve geral organizada em Chicago (Massacre do Haymarket), em 1886, o Labor Day seja comemorado na primeira segunda-feira de setembro de cada ano.
Seja qual for o dia em que é lembrado, não se trata de uma data festiva, e sim uma data política, uma vez em que nos convida a uma reflexão sobre a essência e a profundidade da relação de trabalho, que encerra, acima de tudo, uma relação entre pessoas, embora as mazelas e lutas seculares que permeiam tal relação.
Acontece que essas relações são cada vez mais tensionadas e desafiadas em sua elasticidade, na medida em que aumenta a concentração da riqueza nas mãos de uma minoria ínfima, enquanto a grande maioria, de outro lado, segue empobrecendo e ficando cada vez mais marginalizada e fora do jogo democrático, esteja ela trabalhando ou não.
Ou seja, não há mais garantia alguma de que o trabalhador, mesmo empregado, estará a salvo das contínuas e sucessivas crises econômicas, muito menos conseguirá trilhar o caminho da mobilidade social e garantir que seus filhos tenham uma vida mais confortável que e a sua própria.
Joseph Stiglitz, ganhador do prêmio Nobel em 2001, referindo-se à economia norte-americana, embora a ideia se aplique perfeitamente ao mundo inteiro, definiu bem o cenário atual: "evoluímos de maneira resoluta em direção a uma economia e uma democracia do 1%, pelo 1% e para o 1%".
Enfim, caso a luta pela democracia em seu sentido amplo, pela qual todos sejam e estejam incluídos no jogo, não seja uma luta da sociedade, acima de interesses e privilégios particulares e pessoais que nos movem, nada haverá a celebrar no Dia do Trabalho do último domingo ou nos próximos que estão por vir.
Bom resto de semana a todos!
Eduardo Pires