No mundo das redes sociais, o Twitter sempre foi o território mais hostil e complexo de habitar. Nos primórdios dele, aprendi com um amigo da área de comunicação que o Twitter era a rede para acompanhar o posicionamento de pessoas destacadas, seja na política, nos negócios ou em qualquer outra área.
Diferentemente de outras redes onde a interação é mais “popular”, o Twitter passou a ser a antessala da imprensa, uma vez que grandes veículos (jornais, revistas, redes de TV e portais de notícias) além de publicarem suas matérias em suas respectivas contas na própria rede, de certo modo passaram a ficar atrás dela: a matéria-prima da matéria jornalística passou a ser justamente o posicionamento e manifestações feitas na plataforma por seus usuários mais protuberantes.
Zelensky, da Ucrania, tem usado a rede, desde o início da invasão do país pela Russia, para se posicionar contra Putin e clamar pelo auxílio de outras nações. O Ministro André Mendonça, do STF, na semana passada, usou sua conta no Twitter para se “justificar” (como se não conhecesse o princípio contramajoritário que respalda a atuação dos integrantes do Judicário) pelo voto que proferiu no julgamento de Daniel Silveira, outro que usava o Twitter para distribuir e disseminar suas “ideias”.
Trump, que nunca hesitou em usar a plataforma como verdadeiro rastilho de pólvora para suas posições ultranacionalistas, especialmente no episódio em que o prédio do Congresso americano foi invadido logo após ser confirmada a derrota dele nas eleições americanas, teve sua conta suspensa definitivamente como consequência da política de moderação implantada pela rede para combater a disseminação de fake news e discursos de ódio.
Elon Musk, o homem mais rico do mundo, e após aportar 44 bilhões de dólares na aquisição da rede social mais dinâmica e importante do planeta, já deixou claro que não é entusiasta da moderação da rede, e que deve ser ela uma praça pública com livre trânsito de ideias, sejam elas quais forem.
Minha opinião a respeito do que está por vir, principalmente no Brasil, em ano de eleição presidencial de proporções e consequências épicas? A de sempre: espere o melhor e prepare-se para o pior.
Eduardo Pires