Com o arrefecimento da pandemia, decorrência evidente dos sólidos números do programa de vacinação contra covid-19, estados e cidades tem relaxado as restrições e a vida, aparentemente, vai voltando ao normal.
Não que o normal possa ser qualificado com bom, principalmente em tempos de guerra, radicalização política, inflação alta e escassez de emprego e renda e o kilo da cenoura cotado a 13,00 reais.
De qualquer modo, o trabalho remoto tem rareado e os escritórios, que ficaram às moscas por quase dois anos, voltaram a ser frequentados, embora a discussão sobre o uso ou não das máscaras em ambientes fechados – conquanto a progressiva desobrigação pelas autoridades – ainda pareça estar longe de acabar.
Hoje pela manhã, ainda antes das 8h, reparei num ônibus parado em frente a uma das maiores empresas de tecnologia do Brasil (diz ela ser a maior), de onde os funcionários, um a um, e apressadamente, saltavam para, provavelmente, anotarem o ponto da entrada.
Num cenário (quase) pós-pandêmico, cheguei a pensar (ingenuamente?) que as relações – inclusive as trabalhistas – mudariam radicalmente: home office para sempre; liberdade de desempenho das funções a qualquer hora; redimensionamento da estrutura organizacional-produtiva das grandes empresas...
Mas não, nada disso aconteceu. E, para o bem ou para o mal, a vida que conhecíamos antes de março de 2.020, pouco a pouco, vai se impondo, e nos recolocando nos lugares onde sempre estivemos, ou dos quais, na verdade, nunca deixamos.
Por Eduardo Pires