imagem: Reprodução Google -Munch Museet in Oslo
Acabo de ler que Ed Motta, aquele mesmo, do hit “Manuel”, é o mais novo lacrador nas redes sociais. Logo ele, com aquele soul incrível, e que já foi considerado umas das 100 maiores vozes da música brasileira pela revista Rolling Stone Brasil, na edição 73, em outubro de 2012.
Segundo Ed, Raul “era um idiota, era um funcionariozinho de gravadora, cara, gravando uns discos de merda, entendeu? E nego vem: 'canta Raul'. Que porra, que que é isso, bicho? Um cara desqualificado de tudo".
Fiquei pensando que, cada vez mais, parece haver um teste dos limites do moralmente aceitável quando as pessoas emitem uma opinião ou simplesmente se dirigem a outras. Lacrar tornou-se uma espécie de certificado, uma ISO daqueles que querem ser reconhecidos como donos de opiniões fortes e inabalavelmente convictos delas.
Ainda que discursos odiosos possam ser enquadrados pelas normas jurídicas e implicar em responsabilização civil e penal, o fato é que as pessoas ignoram completamente a existência da etiqueta social, a pequena ética que decorre de um conjunto de regras constituídas culturalmente, que varia conforme o contexto histórico e social, e que possibilita a vida coletiva.
Respeitar as pessoas, sua imagem, sua reputação, sua memória, seus familiares, não impede que você discorde dela, muito menos que possa criticá-la, ainda que a crítica seja ácida, profunda e contundente.
Ano após ano, o filtro imaginário das redes sociais tem se mostrado cada vez mais efetivo e confortável àqueles que não medem sequer um milímetro na extensão do palavrório desrespeitoso, odioso e destrutivo que desferem contra pessoas, empresas e marcas, tornando o mundo cada vez mais radical e polarizado.
Com certeza, Ed Motta cativou uma legião de novos seguidores e uma outra infinidade de detratores. Conseguiu amor à custa de destilar ódio. Será que, quando chegar a hora, irá para o céu?
Melhor que tente outra vez.
Paz e boa semana!
Eduardo Pires