O número de inadimplentes assusta. Revela, ao mesmo tempo, uma crise econômica que parece infinda. Em julho, o total de brasileiros endividados chegou a 62,6 milhões, segundo o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), o que supera a população da Itália, de 60 milhões. Os mais pobres ainda são os que mais devem, mas os dados assustam: representam a realidade de quase 41% da população adulta.
Neste ano, o volume de consumidores devendo cresceu 9% no primeiro semestre de 2019 em comparação com o final do ano passado. A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) apontaram que é a segunda menor variação nos atrasos desde 2012, quando a inadimplência cresceu 5,8% no primeiro semestre. Só no mês de junho, a quantidade de pessoas com contas a pagar teve alta de 1,7% ante o mesmo mês de 2018.
O indicador sinalizou alta no número de inadimplentes em três das cinco regiões do Brasil. No Sudeste, houve crescimento de 3,4% na comparação com junho do ano passado (3,4%). Em segundo lugar, encontra-se a Região Norte, com alta de 2,2%, seguida da Região Sul, que pontuou 1,79%. O maior crescimento na falta de pagamentos foi observado na população idosa, registrando 7,5%. Cada consumidor inadimplente deve, em média, R$ 3.252,70, quase três vezes e meia o valor do salário mínimo no país (R$ 998,00). As despesas básicas para o funcionamento do lar, como contas de água e luz, foram as que mais cresceram em junho de 2019, com alta de 17,2% na base anual de comparação.
O indicador do SPC Brasil também mostrou que mais da metade das dívidas pendentes (53%) de pessoas físicas têm como credor algum banco ou instituição financeira, seguido do comércio, que concentra 18% do total de dívidas não pagas. Os débitos com as empresas concessionárias de serviços básicos como água e luz representam 10% das dívidas não pagas no Brasil.
O número de pessoas com atraso nas contas e dificuldade de voltar ao mercado de crédito ainda é muito elevado, o que frustra as expectativas de retomada econômica. Embora os juros estejam menores e a inflação controlada, o desemprego é alto e reduz a capacidade de compra e pagamento das famílias. Espera-se que a inadimplência comece a recuar a partir de 2020. A dica para quem está inadimplente é priorizar o pagamento das dívidas com juros mais elevados.