Para Aristoteles, a política deveria estudar a pólis, as suas estruturas, instituições, a sua constituição e, sobretudo, a conduta de seus cidadãos.
A conduta do povo, portanto, e de certo modo, constitui a matéria prima da ciência política que, como ciência humana, tem como objeto de pesquisa o próprio pesquisado.
Mas o que significa participação política, afinal? Quebrar tudo? Votar? Brigar com a família?
Hoje, insisto na temática, agora sob a perspectiva filosófica, a fim de alertar que tal atuação deve ser uma conduta permanente, que não tem começo, meio e fim.
A verdadeira política encontra-se cravada nas mais comezinhas condutas, seja revoltando-se com o fulano que fura a fila, por se achar mais importante que o resto do mundo; ou defendendo um jovem negro que é humilhado pelo simples fato da sua negritude.
Mário Sérgio Cortella questiona: “Política é coisa de idiota?”.
Ele destaca a origem do termo “político”, usado pelos gregos para denominar aquele que cuidava da vida pública, da comunidade.
Em um contraponto, apresenta o conceito original de “idiota” – “idiótes”, em grego –, uma referência ao indivíduo que vivia somente a vida privada e, portanto, recusava a política.
Na atualidade, houve uma espécie de “sequestro semântico” do termo, como define Cortella, com o senso comum de que participar da política é uma idiotice que de nada adianta, devendo cada um preocupar-se com o próprio umbigo.
A participação social é, todavia, uma das principais ferramentas para a garantia do estado de direito, onde as necessidades da população são premissa para um mundo melhor.
Somente nos posicionando como cidadãos políticos podemos "correr o risco de dar certo". Do contrário, corremos o risco de protagonizar o papel de verdadeiros idiotas.
Eduardo Pires