Toda semana procuro trazer uma opinião ou comentário sobre um fato, um acontecimento ou uma situação que tenha conexão, mínima que seja, com o Direito, a advocacia ou mesmo o comportamento social que, ao final, não deixa de ser o objeto da ciência jurídica.
Ao rodar pelas principais notícias dos últimos dias, contudo, deparo-me com a que da conta do sinistro e inexplicável desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips na região do Vale do Javari, no Amazonas.
Tudo leva a crer que ambos foram assassinados, embora as investigações estejam ainda em andamento. Como conheciam muito bem os arredores, é pouco provável que tenham se perdido ou enfrentando alguma outra situação que não tenha sido a da próprio extermínio.
Confirmando-se tal hipótese, terão sido dois ativistas da causa ambiental que terão morrido - provavelmente - a mando ou pelas mãos de traficantes, garimpeiros ou madeireiros ilegais que simplesmente tomaram de assalto aquela parte do Brasil.
Sim, o Brasil, atualmente, é terra de ninguém.
Chegamos a um brutal estágio de barbárie onde matar - embora seja ela a mais repulsiva das condutas puníveis criminalmente - faz parte do dia a dia, acontece todos os dias, nas cidades, no campo, na floresta…
Não tenho nenhum apreço ou gana especial de apenas falar sobre desastres, desgostos ou infortúnios mas, a verdade, é que a tragédia parece ser a única nota que conseguimos tocar na escala musical.
Como na bela composição de Tom Jobim e Newton Mendonça:
“Já me utilizei de toda a escala
E no final não sobrou nada
Não deu em nada”
Bom resto de semana, e que consigamos, o quanto antes, mudar o tom.
Eduardo Pires