Fintechs transformam setor financeiro e crescem a ritmo de foguete no Brasil

Avanço no mercado favorece clientes, beneficia negócios e abala monopólio dos bancos


Os serviços financeiros têm passado por uma expressiva renovação nos últimos tempos. Cinco bancos ainda dominam o mercado: Itaú Unibanco, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Banco do Brasil e Santander concentraram R$ 29,4 bilhões de lucro líquido no segundo trimestre deste ano, segundo a provedora de informações financeiras Economatica e dados das próprias instituições. Entretanto, o cenário tem mudado. Um sistema fechado e burocrático dificultava a entrada de novos ares, mas a mudança se desenrola a passos largos a partir da digitalização do setor. No início do ano, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, chegou a caracterizar a área de meios de pagamentos como a “que mais teve inovação” durante a pandemia.

A reorganização ocorreu graças às fintechs, negócios que oferecem soluções financeiras digitais. Abriu-se, assim, um leque de alternativas aos clientes e empresários em diversos setores. O Brasil aparece na dianteira e se tornou o maior ecossistema de startups desse tipo na América Latina. São Paulo, inclusive, alcançou o quarto lugar no ranking mundial de cidades com maior potência de fintechs, atrás apenas de São Francisco, Londres e Nova York. Por aqui, há companhias que viraram referência, caso de Nubank, Bidu, Creditas, GuiaBolso, entre muitas outras. Até o Bradesco lançou o banco digital Next para marcar posição na nova era e conquistar o público jovem.

 

De acordo com dados do Distrito Dataminer, em 2019, os investimentos em fintechs nacionais chegaram a US$ 1,1 bilhão. Em 2020, durante a pandemia – momento de crise, mas no qual a tecnologia se mostrou fundamental -, o número saltou para US$ 1,9 bilhão. Até julho deste ano, já foram US$ 2,4 bilhões, um crescimento à velocidade de foguete.

Os novos sistemas facilitam a vida dos clientes,trazem menos burocracia e mais rapidez nos processos, além de taxas competitivas e outros benefícios. “As altas barreiras de entrada no mercado financeiro começaram a cair, principalmente por conta das mudanças nas regulações”, afirma o professor e palestrante Bruno Diniz, autor do livro ‘O Fenômeno Fintech’ (2019). “Ocorreu também uma mudança de comportamento. No começo, houve certo receio por parte do público de se aventurar nesse meio, mas agora as pessoas estão mais abertas.” Iniciativas que ainda estão por vir, a exemplo de novas fases do open banking – o sistema de compartilhamento de dados financeiros de forma padronizada -, devem expandir ainda mais o setor.

É o caso da 99, companhia de mobilidade que lançou a carteira digital 99Pay e expandiu sua atuação para além dos serviços de transporte e de delivery. Por lá, é possível pagar boletos, realizar transferências, ganhar descontos e obter lucro sobre o saldo. Uma pesquisa inédita da Fundação Getulio Vargas (FGV), mostrou que, com as três funções da ferramenta da 99 combinadas, o usuário ganha R$ 1,45 a cada R$ 1 empregado na plataforma, em relação a quanto estaria disposto a pagar pelo serviço e por seu bem estar. A economia é de 31%.

Projetos como o 99Pay, que oferece operações que atendem o brasileiro médio – sem complicações e com poucos cliques -, incluem no mercado financeiro o público que antes não tinha acesso aos bancos (seja por burocracia, dívidas ou mesmo distância física de uma agência). Essas iniciativas democratizam o setor e têm papel importante no movimento de bancarização. A empresa de mobilidade percebeu, inclusive, um aumento de clientes das classes C e D em sua carteira.

Trata-se de algo benéfico para o negócio, que ganha mais uma oportunidade de gerar receita, e para o cliente, que pode receber bônus e cupons e concentrar operações em um só lugar, embutindo soluções econômicas dentro de sua jornada de consumo. Em uma fase na qual o dinheiro em espécie está cada vez mais em baixa, muitas empresas optam pela carteira digital, meio prático de pagamentos e transações virtuais.

“A tecnologia tem se provado uma aliada à democratização de vários serviços. No entanto, sabemos que muitas pessoas ficam à margem dessa democratização, seja por não serem nativos digitais, seja por enfrentarem problemas de conectividade ou armazenamento”, explica Maurício Orsolini Filho, Diretor da 99Pay. “Uma pesquisa exclusiva que fizemos com o Datafolha apontou que 21% das pessoas da Classe C encontram dificuldades para baixar o app da 99 por falta de memória ou velocidade do pacote de dados. Por isso, inovamos e trouxemos o WhatsApp como um assistente da 99Pay, para facilitar a consulta de saldo, fazer transferências entre usuários e pagar boletos. O intuito é diminuir entraves e promover mais inclusão”.

REDAÇÃO JOTA – Brasília

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