É fundamental que haja investimento e esforço para manter e aprimorar a cultura ética de empresaCom orçamentos generosos e estratégias abrangentes, muito se faz no mundo corporativo para proteger a reputação de uma marca. Muitas empresas, porém, acabam esquecendo de uma peça essencial dentro ecossistema de negócios: os terceiros.
O vazamento de informações internas e os atos de fornecedores e prestadores de serviços são as ocorrências que mais geram danos à reputação empresarial, de acordo com o estudo Global Fraud Report, produzido pela consultoria Kroll.
A mais recente edição do estudo ouviu no ano passado 588 executivos sêniores de 13 países ao redor do mundo, incluindo o Brasil. Um dos principais motivos que influencia crises reputacionais geradas por terceiros é a negligência dos líderes em confrontar certas situações com parceiros.
A verdade é que as empresas brasileiras pecam ao não dar a mesma importância na investigação de todos os terceiros. De um lado, existe rigor nos processos de investigações de clientes, de possíveis alvos de fusões e aquisições, de executivos e até de influenciadores digitais. Do outro, porém, há complacência no escrutínio de parceiros de negócios, de fornecedores e de investidores.
Mas, por onde começar? Um bom primeiro passo para aprimorar processos de investigação de terceiros é a criação de um perfil de risco. Deve-se considerar que toda relação corporativa carrega potenciais problemas, independentemente do setor de atuação. No caso do Brasil, um país em que a cultura anticorrupção ainda é incipiente, examinar detalhadamente os prestadores de serviços deve ter prioridade.
Estabelecido o perfil de risco, é necessário se aprofundar na cultura de empresa parceira. Deve-se questionar como são os processos de um fornecedor no que diz respeito à governança e compliance, por exemplo. Além disso, mapear com profundidade o modus operandi dos terceiros é fundamental.
Por fim, ter a percepção sobre como responder em momentos de crise é essencial para manter a imagem da marca separada da dos prestadores de serviço. Caso haja uma crise de menor proporção, é necessário repensar as bases do contrato, com acompanhamento. Agora, quando a situação for mais delicada, é prudente encerrar o contrato com o terceiro o quanto antes.
Manter processos contínuos de controle operacional e mitigação de riscos é um desafio para a maioria dos líderes e gestores. No entanto, é fundamental que haja investimento e esforço para manter e aprimorar a cultura ética de empresa, com controles rígidos para evitar riscos reputacionais e com muita atenção em todo o ecossistema empresarial, em especial, com terceiros.
Fonte: Jota por Carlos Lopes